A água não força. Ela se entrega. Não disputa espaço — ela o encontra. Toca tudo, mas nada a prende. Molda, transforma, percorre… sem nunca perder sua essência.
Estar presente no instante exato. Mover-se com leveza. Refletir o que é profundo sem se impor, permanecer invisível mesmo ao revelar o essencial.
No princípio, havia água. Ela cobria tudo — presságio de vida. E até hoje, onde a água toca, há criação. Há sede que só se sacia na memória. Imagens que não são apenas lembranças, mas respiros da alma.
Como um rio, cada olhar carrega uma história. Como a chuva, cada gesto tem seu tempo. Como o mar, há beleza que não cabe em palavras… mas transborda em luz.
Ser água é escutar antes de capturar. É ser reflexo e também profundidade. É não temer o silêncio, nem o movimento. É permitir que a vida flua através da lente — não congelada, mas viva. Não perfeita, mas verdadeira.
Entre ondas, olhos e milagres diários, a câmera é apenas o canal. A arte? É o que escapa entre os dedos, mas permanece no coração.